segunda-feira, 26 de abril de 2010

Espoleta no Eixo, ou melhor, no Palco Fora do Eixo


O Palco Fora do Eixo (PFE) é uma frente de artes cênicas integrada ao Circuito Fora do Eixo (CFE), que busca agregar diferentes linguagens artísticas como teatro, dança, malabares e performance ao já concretizado circuito musical, dando início ao processo de integração das artes no CFE.

Recentemente o PFE teve seu lançamento nacional integrando suas ações (espetáculos, workshops e intervenções) no Festival Fora do Eixo que ocorreu em São Paulo durante os dias 09, 10 e 11 de abril. A programação das ações do PFE para seu lançamento foram organizadas pelos coletivos Macondo (Santa Maria/RS), Enxame (Bauru/SP) e Colméia (Araraquara/SP) que, durante três meses, trabalharam intensamente para alcançar visibilidade e destaque em meio a programação musical.



Esses três dias de programação do PFE foram divididos em turnos: manhã com workshops; tarde com espetáculos e noite com intervenções em casas noturnas e rua. Os workshops e espetáculos teatrais foram realizados na Oficina Oswald de Andrade, local amplo com grande circulação de pessoas interessadas em cultura e diversidade e que oferece gratuitamente oficinas em diferentes campos artísticos como teatro, dança moda e fotografia.

A concorrência por vagas nessas oficinas é intensa. No dia 10 de abril, quando chegamos para participar do workshop de performance e, posteriormente, apresentarmos o Coquitail Espoleta, fomos surpreendidas por uma fila imensa que iniciou as 9h e só findou as 20h. Aproveitando o grande público, que tenso, aguardava sua senha ser chamada, apresentamos o espetáculo.

Com o público um pouco longe, pois não podiam perder seu lugar, o espetáculo começou. A apresentação conseguiu dissipar o estado de tensão da maioria dos concorrentes que sorrindo sutilmente, divertiam-se com nossa presença. Em meio a bolhas de sabão cristalinas devido à luz que entrava pelo teto de vidro do salão de convivências da Oswald, um rapaz desenhava nossos clowns.

Foi uma apresentação interessante, como até então em locais alternativos, nos quais o público sempre esta ali para fazer outra coisa e nem imagina que Pandoíra e Julieta entraram procurando uma à outra. Acho esse o barato! Surpreender aqueles que esperam por alguma coisa que pode demorar muito a chegar. Nossa presença somada a atenção sincera do público acaba por transformar essa espera em um prazeroso momento construído pela cumplicidade dos olhares.

Confira mais sobre nossa apresentação em SP clicando AQUI.

Fotos: Gustavo Diniz

terça-feira, 20 de abril de 2010

Macondo Circus 2009: A Invasão de Clowns

Perdidas no centro da Praça Saldanha Marinho, Pandoíra e Julieta não compreendiam nada do que acontecia por ali. Muita gente, de todas as idades, aglomeradas e sorridentes. O clima era de pura festa. O palco da praça montado e com um enorme banner informando: Macondo Circus 2009.

Naquele breve momento nenhuma banda estava no palco, somente os técnicos. Momento oportuno. Rapidamente, com um cd em punho, Pandoíra se dirige a mesa de som, enquanto isso Julieta abre a mala e organiza seu material para apresentar a gag mais sexy e ardente de todos os tempos: Strip tease quente (confira o clipe).

Com cerca de 400 pessoas aguardando nos intervalos dos shows Coquitail Espoleta, mais uma vez, serviu-se do público musical para mostrar seus números clownescos. O segundo show daquela tardinha ensolarada, porém com um leve ventinho, era da Bandinha Di Dá Dó, uma clown band de Porto Alegre, que possuí influências musicais de fanfarra, música cigana e folclore oriental (confira a foto) para construir suas músicas que agitam e embalam o público.

Apaixonadas pelo som e pelos belos clowns que performavam e tocam animadamente no palco, Pandoíra e Julieta partem para sua segunda gag, Final Poético, em homenagem aos parceiros. Com gaita, apito e triângulo em punho a dupla tocou para os clowns uma música de autoria própria. Enquanto Julieta abria o fole, Pandoira estourava papéis picados que dançavam no ar, cobrindo as crianças que ali estavam pedaços de poesia.

Dança Cotiporã, foi a terceira e última gag apresentada naquela tardinha do dia 3 de dezembro de 2009. Parodiando o clip da música Elephant Gan da banda americana Beirut, Julieta e Pandoíra surpreendem o público com seus passos coreografados e precisos criados a partir de suas aulas com Pina Bausch (mentira, risos). Enlouquecidas, envolvem o público com um tecido transformado em mar, que acaba por “afogar” a dupla.

Novamente, com essas três gags que fazem parte do repertório do espetáculo Coquitail Espoleta, a linguagem teatral pode integrar-se a programação de um festival de música fomentando e desencadeando um processo cada vez mais aberto e acolhedor, tanto para os organizadores de eventos quanto para o público presente, de outras linguagens e expressões artísticas que dialogam diretamente com a música.













Créditos das fotos por seqüência: 1. Tiago Picolli, 2, 3 e 4. Marcelo de Franceschi, 5 - 14. Tiago Picolli.

No Ar... Coquitail Espoleta: Quebre a Perna!


Literalmente de mala e cuia, Vanessa e eu voamos o Brasil de um extremo ao outro para chegar em Recife. O Festival “No Ar Coquetel Molotov” aconteceria durante os dias 18 e 19 de setembro no Centro de Convenções de Pernambuco.

Entre várias bandas que esperavam o receptivo do evento chegar para levar a todos ao hotel, estávamos nós, duas palhaças comendo bolachas atrás de uma mala vermelha. Cômico foi quando Thiago Pethit, músico e ator, nos perguntou: - De que banda vocês são? A reposta foi uma boa gargalhada, que acho que espantou um pouco o jovem rapaz, e um: - Não somos uma banda, somos atrizes e viemos blá, blá, blá... no final das contas descobrimos que ele também fazia teatro e daí... blá, blá, blá até que fomos para o hotel.

O primeiro dia foi para reconhecimento do espaço e organização de materiais de cena. Percorrermos o Centro de Convenções de Pernambuco e escolhemos o espaço mais adequado para realizar nossas gags. Em meio a procura por um local, organizamos nossos materiais e descobrimos, isso seria cômico senão fosse triste, que o violão que a organização nos havia arrumado era quebrado e que Vanessa não poderia tocar nas gags que possuiam nossas composições próprias. Não nos levaram a sério ao telefone quando falamos que tinhamos uma pocket band (risos).

Entre tragédias e risadas resolvemos que iríamos nos apresentar na frente da fila de entrada para os shows como Beirut e Milton Nascimento. Nesse local o Dj da Vivo, grande camarada que transformou-se em NOSSO Dj, ajudou Pandoíra (Vanessa) a fazer a sonoplastia enquanto Julieta (eu) realizava a gag do Strip tease quente. Realizamos cinco gags na frente, no lado, no meio e misturadas à fila de esperava ansiosa o show do Beirut (ótimo show por sinal). Porém, como nossa saga é uma constante, sempre algum elemento surpresa acontece, ao descer do local onde estava o DJ, Vanessa torceu o pé (o que inviabilizou a apresentação do dia seguinte) colocando em prática literal a frase que os teatreiros falam para desejar sorte antes de entrar em cena: quebre a perna!


Detalhe: DJ Vivo ao Fundo com Pandoira

Esse pequeno detalhe não nos impediu que na manhã seguinte rumássemos a Olinda. Não perderíamos essa oportunidade única de conhecermos, além dos pontos turísticos, o Museu do Mamulengo (segue alguns vídeos) e as ladeiras coloridas de uma cidade que exala carnaval quase que em tempo integral. Não realizamos nossa segunda apresentação, mas assistimos Milton Nascimento das coxias do teatro. Mas avaliamos nossa participação no evento com um saldo positivo. Sabíamos que as pessoas estavam ali para entrar para o show, o foco de atenção era a música, o momento em que liberariam a passagem, mas acabamos conquistando de pouco a pouco os olhos, que curiosos, começaram a se divertir com nossa presença.





Retornamos ao Rio Grande do Sul, com muitas outras gags para contar, afinal a vida de ator que trabalha com técnica de clown acaba se tornando uma grande gag, onde o picadeiro é a vida.

Confira as Fotos da presentação:










Fotos: Flora Pimentel

Bairro do Recife Antigo

A estréia do Coquitail Espoleta


Convidadas a participar da programação do festival de música em Refice chamado "No Ar Coquetel Molotov" a Cia Teatro de Bolso, núcleo teatral do Macondo Coletivo, iniciou o processo de criação do espetáculo clownesco que levaria ao pé da letra o conceito da arma incendiária.

Inspirando-se nas atrações musicais nacionais e internacionais que o festival "No Ar Coquetel Molotov" possuía em sua programação como Beirut (EUA), Milton Nascimento (BR), Sebastien Tellier (França) e bandas do circuito de música independente brasileira como Ex-Exus (PE) e Dead Lover's Twisted Heart (MG), as atrizes e diretoras Cláudia Schulz e Vanessa Giovanella criaram cerca de 10 gags clownescas que brincam, dialogam e ironizam o universo musical atual.

Possuíndo uma trilha sonora bastante eclética que vai desde Michael Jackson, Dirty Dancing, Amy Winehouse, Duffy, Beirut, Cat Power, Gotan Proyect entre outros, a dupla de clowns ainda se arisca a mostrar ao público composições próprias.


A estréia de "Coquitail Espoleta" aconteceu no dia 02 de setembro de 2009, por volta das 23h no Macondo Lugar. Confira abaixo o vídeo da estréia além de fotos, release e ficha técnica.


Fotos: Alessandra Giovanella

Coquitail Espoleta é um pocket show estrelado pelos clowns Julieta (Cláudia Schulz) e Pandoíra (Vanessa Giovanella) que perdidas e cansadas sentem-se sozinhas no mundo, porém encontram uma na outra e nas pequenas ações do cotidiano a força da amizade.

Em meio a brincadeiras, risadas, brigas e choros, a dupla perdida acaba chegando em um local onde haverá um show de uma banda, porém a espera pelo show, que nunca tem inicio, começa a inquietar a dupla de clowns e o público. Percebendo a oportunidade de mostrar seu trabalho Pandoíra e Julieta invadem o palco armado para a apresentação da banda e distraem o público e a si mesmas com gags musicais estonteantes.

Com uma apresentação estrondosa a dupla de clowns pretende, na verdade, mostrar ao público seu próprio som, pois ambos compõem a banda de música independente ESPOLETA.









Fotos da Estréia: Janaína Falcão

Ficha Técnica do Espetáculo:
Atuação e Direção: Cláudia Schulz e Vanessa Giovanella